Sobre meu trabalho


SOBRE A ARTISTA


Meu primeiro contato com a arte têxtil ocorreu em 1992, quando fiz um curso de batik, arte milenar que se utiliza de sucessivas aplicações de cera quente e de tingimentos para formação de estampas em tecidos. Minha paixão pela técnica foi imediata, especialmente pela dinâmica do fluxo da cera, pela possibilidade de criar superfícies através da exploração de camadas e pelas surpresas que o processo oferece. Esta empatia imediata com o batik possibilitou que eu me dedicasse exclusivamente à técnica por muitos anos, até que comecei a expandir o meu trabalho em direção a outras manifestações têxteis de tingimento e estamparia, as quais pesquiso e desenvolvo até hoje.
Minha prática sempre foi acompanhada de pesquisas teóricas sobre a história dos tecidos produzidos manualmente e de algumas visitas a comunidades têxteis em diversas partes do mundo, especialmente na Índia. Tenho interesse em observar como estas manifestações artísticas estão fortemente relacionadas aos aspectos culturais de seus locais de origem e produção. A partir desses estudos sinto-me capaz de inserir técnicas tradicionais em um contexto contemporâneo e de utilizá-las em meu trabalho pessoal.
Tenho especial atração por todas as chamadas técnicas de isolamento (resist dyeing techniques), por meio das quais estampas e texturas são criadas através da combinação entre tingimentos sucessivos e diversos materiais isolantes que previnem que os corantes ou agentes de descoloração penetrem em determinadas áreas do tecido. Através dessas técnicas procuro despertar uma impressão de profundidade e de tridimensionalidade em superfícies bidimensionais. A sobreposição de cores e de formas geométricas ou orgânicas fazem parte do meu processo para adquirir estes resultados.
Trabalho em parceria com o material, permitindo que as fibras e o meio líquido respondam aos meus atos conforme suas próprias qualidades. Combino assim os meus planos iniciais aos elementos do acaso e ao prazer dos acontecimentos imprevisíveis que o processo oferece.
Desde que me tornei artista têxtil produzo principalmente objetos para a casa e para o corpo, atraída pelo aspecto táctil dos tecidos e pela ideia de poder enriquecer a vida cotidiana com o uso de objetos belos. Em meu trabalho mais recente tenho explorado elementos do shibori japonês, técnica de isolamento na qual diferentes formas de costuras, pregas, dobras, amarrações e compressões do tecido, alternadas com etapas de tingimento, revelam infinitas formas de construir superfícies imbuídas de sensualidade.